domingo, 5 de dezembro de 2010

terror ou outra coisa que nao tem nada a ver

moléstia

com o frio
que tem feito,
a moléstia
acabou por socumbir
aos quintais.

assim,
num só gesto,
tudo é abatido.
só o coitado do pó
(pouco mais que esperança vã)
se tem mantido de pé
com a imunidade
que ninguém dispõem.

mas afinal de contas,
qualquer pó
pode ser soprado
borda fora...

sábado, 4 de dezembro de 2010

ao som da summertime de Booker T & the MG's



miserável,
é a tentação do ser
que nos repudia
dia após dia.

sensação tardia
de que o animalesco
é vida
e não mal dizer grotesco.

cobardia,
seria dizer pouco,
quando há tanto para exclarecer.

miserável,
é a constatação banal
de que o amor é fodido.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

é roque fodido

celestial

lobos da noruega

soldado

é tempo de guerra
e de acontecimentos adversos.
as ruas estão caóticas,
as pessoas em constante alvoroço,
com exigências de uma vida normal.
no meio de todo o alarido,
existe um moço
apático ao que o rodeia.
só.
sozinho mas nunca solitário,
era o lema deste soldado,
escondido por entre escombros
com medo de qualquer coisa
que no fundo não passa de aragem rasteira.
de arritmia e de reles caganeira.

a determinado momento
o esfumaçado de cinzas e poeira
deixou de aparecer ao raiar do sia,
deixando passar a luz da calmaria
por entre o betão desmanchado.

agora sim,
o soldado pode levantar-se
e limpar os despojos de guerra
e finalmente deixar cair a máscara.
pois, apesar de todo o teatro
nada era óbvio,
mas sim, claramente subentendido.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

sem título

Por mais que o tempo passe,

O estômago não deixa de apertar,

Atormentando e atrofiando

Todos os músculos fétidos

Que vibram com a esguia aragem.

Apesar de tudo,

Continuam cúmplices

Estes sentimentos esquecidos

Debaixo do tapete,

Como quem esconde

O pó negro doutros tempos

Na esperança de ninguém

notar a diferença.